O futuro não chegou de forma uniforme e isso fica evidente quando olhamos para o varejo brasileiro. Em um país de dimensões continentais, a transformação digital avança em ritmos e formatos distintos, refletindo as múltiplas realidades que convivem no setor. Mas há um ponto de convergência: a pressão por eficiência, personalização e escala nunca foi tão urgente.
Nesta edição especial da newsletter da Mirante, reunimos os principais dados e direções estratégicas que ajudam a entender para onde caminham as empresas brasileiras. A análise se apoia em uma curadoria criteriosa de fontes de mercado, com o objetivo de destacar os movimentos mais relevantes da digitalização no setor, do avanço da inteligência artificial à experiência do colaborador como ativo competitivo, passando pelas escolhas tecnológicas que prometem moldar o próximo ciclo de crescimento.
Espero que goste, boa leitura!
Apesar dos avanços no processo de digitalização, os varejistas especializados no Brasil ainda apresentam níveis de maturidade digital abaixo da média latino-americana em todos os estágios da jornada de comércio unificado. É o que mostra o Unified Commerce Benchmark 2024 – LATAM, que comparou o desempenho do Brasil com o de outros países da região, além de Europa e Estados Unidos.
Essa defasagem revela que a transformação digital no varejo brasileiro ainda está mais concentrada em iniciativas pontuais do que em estratégias consolidadas de ponta a ponta. A falta de interoperabilidade entre sistemas, a dependência de arquiteturas legadas e o foco excessivo em canais isolados continuam sendo entraves relevantes.
Apesar disso, o potencial de expansão é significativo. As vendas de itens segmentados no Brasil devem saltar de US$ 207 bilhões em 2022 para US$ 269 bilhões em 2027, segundo o Unified Commerce Benchmark 2024 – LATAM. Trata-se de um crescimento anual composto (CAGR) de 11,5%, ritmo robusto quando comparado a mercados mais maduros, embora ainda abaixo da média latino-americana, estimada em 19,5% no mesmo período.
Esse avanço, no entanto, só será viável se os varejistas conseguirem superar barreiras críticas para a experiência do consumidor. Hoje, 57% das vendas de e-commerce no Brasil são feitas por empresas locais, mas o custo de entrega ainda é apontado como fator decisivo por 57% dos compradores. E o desafio não é só financeiro: 73% dos consumidores brasileiros afirmam abandonar compras online quando não há disponibilidade de meios de pagamento que considerem ideais. Em outras palavras, eficiência logística e personalização na jornada de compra seguem como prioridades incontornáveis.
No varejo especializado, a inteligência artificial, especialmente em sua vertente generativa, começa a assumir protagonismo como vetor de eficiência, personalização e ganho competitivo. Marcas que até pouco tempo estavam focadas apenas na presença digital passam agora a explorar como transformar dados em decisões operacionais e experiências mais inteligentes.
Esse movimento está em sintonia com as expectativas dos próprios consumidores: 82% dizem esperar que a IA os ajude a economizar tempo na busca por produtos, enquanto 79% gostariam de receber recomendações mais precisas, ajustadas às suas necessidades específicas.
Nos bastidores, a tecnologia também avança em frentes menos visíveis, mas fundamentais como gestão de estoque, prevenção de perdas e automação de processos. As prioridades dos líderes entrevistados apontam para uma reconfiguração profunda das operações.
Três em cada quatro executivos afirmam que o uso de planejamento e previsões baseadas em dados será prioridade no próximo ano (75%).
A meta é clara: antecipar a demanda, evitar rupturas e tornar a operação mais eficiente e responsiva. Com isso, ferramentas de inteligência artificial e análise preditiva devem se consolidar como parte essencial da infraestrutura tecnológica do varejo.
A transformação digital no varejo não se limita à experiência do cliente. À medida que os processos se tornam mais conectados e integrados, cresce também o impacto da tecnologia sobre a experiência dos próprios colaboradores e, com isso, sobre sua permanência nas empresas.
Segundo pesquisa da Zebra Technologies, 85% dos funcionários dizem preferir trabalhar em lojas que oferecem dispositivos móveis e soluções digitais no cotidiano. A mesma proporção se repete entre os tomadores de decisão, que reconhecem o impacto direto dessas ferramentas na motivação e no engajamento das equipes. A tecnologia, nesse contexto, deixa de ser suporte e passa a ser infraestrutura de permanência.
As soluções mais valorizadas vão desde visibilidade de estoque em tempo real e sistemas de agendamento de turnos até inteligência artificial aplicada ao atendimento e automação de tarefas. Na prática, são ferramentas que otimizam rotinas, reduzem a sobrecarga operacional e aumentam a autonomia dos profissionais. Para 86% dos entrevistados, por exemplo, o uso de tecnologias colaborativas contribui diretamente para o trabalho em equipe e para a eficiência na execução das tarefas.
Esses foram apenas alguns dos destaques do nosso levantamento. Se quiser se aprofundar nos dados, entender as tendências em mais detalhes e explorar os gráficos completos, acesse o material na íntegra.