A maioria das grandes empresas não precisa mais de apresentações sobre transformação digital. Elas já estão no jogo há anos. O que está em disputa agora é outro dilema: o que fazer com o que foi construído até aqui?

Sistemas legados, por definição, carregam histórias e riscos. Segundo a IDC, 65% das empresas globais listam a “complexidade de aplicações legadas” como uma das maiores barreiras para adoção plena da nuvem e transformação digital.

Essa não é apenas uma questão de tecnologia antiga. É o que ela representa: lógica de negócio encapsulada, estruturas rígidas, baixa rastreabilidade, pouca ou nenhuma documentação. Reescrever tudo do zero costuma parecer a saída mais limpa, mas raramente é a mais viável.

Como resume Danilo Custódio, CEO da Mirante: “O legado não é código morto. É onde estão decisões que sustentam o negócio. Modernizar exige inteligência, não reinvenção.”




Por mais de uma década, as estratégias de modernização giraram em torno de duas soluções extremas: manter o sistema como está, congelado no tempo, ou reescrevê-lo do zero. Ambas são frágeis. Ambas ignoram o principal ativo que o sistema carrega: a lógica de negócio embutida no código.

E aqui está o problema central: essa lógica raramente está documentada. Está codificada, muitas vezes em linguagens obsoletas como VB, Delphi ou COBOL, além de estar distribuída em arquiteturas monolíticas, sem rastreabilidade, testes automatizados ou visibilidade. A cada tentativa de mudança, surgem efeitos colaterais imprevisíveis e o risco cresce.

É por isso que, segundo o relatório Antes da TI, apenas 38% dos líderes de tecnologia no Brasil afirmam ter processos formalizados para atualização de sistemas legados (IT Mídia, 2023). O restante opera no improviso, o que se reflete no tempo de resposta a novas demandas, na dificuldade de integração com APIs modernas, e no custo de manter times experientes em tecnologias ultrapassadas.

A modernização clássica falha porque trata o código como um fim. Mas o que está em jogo é o negócio.





A IA trouxe novas ferramentas para a engenharia de software. Mas o que estamos vendo agora não é só ganho de produtividade, é uma mudança de arquitetura.

Sistemas multiagentes, como os que aplicamos na Mirante, operam como times de especialistas digitais. Cada agente tem uma função clara: analisar a estrutura do projeto, extrair regras de negócio, construir um grafo de dependências, traduzir trechos de código com validação semântica, projetar a nova arquitetura e gerar testes automatizados que garantem equivalência funcional.

Tudo isso de forma orquestrada, auditável e adaptável ao contexto do cliente. Como explica Danilo Custódio, CEO da Mirante:





Esse não é um “copiloto de código”. É um framework completo de engenharia aplicada com inteligência.

Segundo o AI Index Report 2025, mais de 50% das aplicações práticas de IA em software já envolvem múltiplos agentes autônomos operando em cooperação, especialmente em tarefas como refatoração, refino arquitetural e validação de compliance.

No nosso último projeto, migramos mais de 120 mil linhas de um sistema financeiro escrito em VB para uma arquitetura moderna em Java. O projeto envolveu lógica crítica, ausência quase total de documentação e dependências obscuras. Ao final, entregamos:

  • 95% de similaridade funcional comprovada
  • Redução de 60% no tempo de homologação
  • Documentação completa e rastreável
  • Arquitetura escalável e segura, pronta para integrações e cloud

A modernização de sistemas legados não pode mais ser tratada como uma questão puramente técnica, ela é estrutural. Exige domínio de arquitetura, governança de engenharia e inteligência aplicada de ponta a ponta. O custo de não agir vem em forma de dívida técnica, riscos operacionais e bloqueios à inovação.

Se sua organização está nesse ponto de decisão, talvez o primeiro passo não seja reescrever tudo, mas entender o que deve ser preservado e como transformar isso em uma nova base para o futuro.